Por José Joacir dos Santos
Assim como em Brasília, cidades dos EUA plantaram muitas árvores de diferentes regiões em grandes cidades, especialmente naquelas afetadas por fortes mudanças de estação e clima. Elas crescem, mas não se esquecem do próprio DNA. Quando se tornam adultas, começam os conflitos existenciais. No corpo interno delas começa a primavera, mas no local onde foram plantadas é outra estação. Não somente outra estação, mas uma estação que impede que elas possam ser elas mesmas, isto é, vivenciar a primavera quando é primavera. E se a estação local é severa, como verão ou inverno, elas morrem. Poucas sobrevivem a esse conflito interno/externo, criado por humanos. O que a gente ver na paisagem urbana são árvores hibernando no verão quando deveriam estar cheias de folhas. Ou ativas no inverno quando deveriam estar hibernando.
Neste verão de 2025 é possível ver esse cenário triste em cidades dos EUA, como Houston: árvores vivenciando diferentes estações, lado a lado. Uma flora e a outra seca. Imagine um adulto usando roupas de inverno no verão e vice-versa. E a história não termina aí. Todo o ecossistema é afetado. Você ver abelhas e borboletas buscando flores no inverno. Guaxinins buscam abrigo para hibernar no verão, quando deveriam fazer isso no inverno. É um desastre. Quem está causando tudo isso?
Parlamentares brasileiras estão se calando diante de empresas que querem explorar petróleo nas bacias amazônicas somente porque um político dos Estados Unidos, indiferente `a natureza, acha que devemos explorar os recursos naturais, embora essa exploração mate os ecossistemas daquela região. Nunca vi um projeto de deputado ou de senador para reflorestar campo ou cidade. O fogo criminoso consumiu florestas em todos os ecossistemas brasileiros, mas nenhum deputado ou senador se preocupou em cuidar do reflorestamento. Mas, estão muito ocupados em anistiar baderneiros que destruíram prédios públicos em Brasilia para prepara um golpe de estado.
Mas não são só os políticos que estão vendendo a natureza. A população não reage e continua votando neles. Na recente seca dos rios amazônicos, mostrada na tv todas as noites, nunca apareceu um ribeirinho retirando lixo do leito dos rios secos. Nenhum prefeito colocou máquinas naqueles leitos para retirar o excesso de areia depositado pelas águas, impedindo o fluxo natural da própria água.
A seca chega ao Nordeste do Brasil em plena estação do inverno, quando deveria estar chovendo. Pequenos agricultores alertam para o problema, mas muitos deles fazem parte daquele grupo que vende o próprio voto, a cada eleição. A vista é curta demais para enxergar um palmo no futuro. Vendem seus votos e depois choram pela seca – lágrimas de crocodilo. Naturalmente que serão amparados pelos muitos programas sociais que ajudam a população jovem a não trabalhar ou suar. É só alistar a família inteira que tudo fica garantido. A lição é: não trabalhe nem estude, o governo garante!
Enquando isso a imprensa vive, diariamente, debatendo quem vai ser eleito na próxima eleição, privilegiando candidatos que já provaram fracassos não só nas eleições, mas nos seus projetos públicos em geral. A imprensa também ignora que alguns daqueles políticos já tiveram seus direitos políticos cassados por fraudes e evidências levantadas pelo sistema judiciário brasileiro. Também já esqueceu que cerca de 800 mil cidadãos morreram de Covid-19, muitos deles porque acreditaram que se tratava apenas de uma gripezinha.
É também a imprensa brasileira quem levanta lebres para a contraparte internacional. Por sua vez, a imprensa internacional diariamente tenta diminuir o sistema judiciário brasileiro, inclusive os membros da alta corte do Brasil. Por que eles não fazem isso contra a suprema corte de seus países? Evidentemente que eles não estão sozinhos, há muitos interesses políticos não-brasileiros apostando no caos e no domínio das forças nacionais brasileiras porque é isso que eles estão fazendo em muitos países. Se o caos político acontece no Brasil, eles ganham. Seria isso uma teoria da conspiração? Não. É só verificar o noticiário internacional em inglês que está tudo lá, abertamente.
Enquando isso, nossas florestas, rios, animais e biossistemas estão sob ataque, diários, inclusive dos próprios usuários. Bravos indígenas são assassinados por tentar proteger suas terras e florestas. As populações ribeirinhas não podem enfrentar essa batalha sozinhas porque eles vivem pela subsistência diária, suicida, dependente dos favores dos políticos. Pescam o peixe, mas não ajudam a despoluir os rios. O rio é a mãe Joana que só ajuda e só perde.
Eles só pensam na comida do dia. Estão abandonadas em suas pobrezas mentais. São bombardeados por garimpeiros, religiosos, contrabandistas e traficantes. Só são contados na hora do voto. Falta uma política pública sólida, que não dependa de quem está no palácio hoje. Mas, acredito, esse raciocínio está longe de acontecer. A maioria dos brasileiros só pensa no próprio umbigo, como assim pensavam os que chegaram em caravelas no ano de 1500.
Não faz muito tempo que vimos pela tv parlamentares brasileiros brigando e até chantageando para receber as famosas e milionárias cotas parlamentares. Estavam tão cegos pelo dinheiro fácil que não conseguiam investigar/ver que havia colegas que usavam aquelas cotas para o benefício pessoal, longe, bem longe do povo, para eles mesmos e suas famílias, amigos próximos, a qualquer custo – embora a polícia federal apontasse com a bolsa cheia de provas.
Sim, a crise climática não é só um viés do problema. E há autoridades e políticos, com altos salários, que deveriam se preocupar noite e dia com isso, mas não o fazem. Por quê? Porque a população dorme em berço esplêndido. E a maioria dos políticos se elegem apenas para aumentar o patrimônio familiar. Um famoso ex-presidente da República foi eleito, com a maioria dos votos, contados por urnas que ele mesmo mais tarde contestaria. Depois de passar quase 20 anos sendo reeleito deputado e morando em Brasilia, onde nunca beneficiou a cidade ou o DF com nenhum programa social, ele contesta as urnas eletrônicas que o elegeram! E isso tem algo a ver com a crise climática? Sim! A crise climática tem seu viés político, sem o qual nada se resolve. Imagine o salário de um deputado sendo, mensalmente, revertido para a proteção do cerrado por 20 anos?
19/04/2025