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Por José Joacir dos Santos

Eram 8:30 da manhã, sexta-feira. Desci para pegar um taxi que me levaria a um hospital onde tinha uma consulta de rotina. A rua ainda estava com o escuro natural do inverno de Madrid. Dei sinal e o taxi parou um pouco mais além de onde estava. Vi que tinha um passageiro no banco de tras. Passado um tempo o taxi voltou de ré até onde estava. Sou um pouco lento nas manhãs. Tenho que fazer um grande esforço para despertar. Então, relaxei no banco de tras. Não havia muitos carros na rua. Notei que o motorista furou um sinal vermelho, dois e quando me preparava para falar com ele sobre isso, vi ele bater nos carros parados no próximo sinal. Não sei como saí do carro, mas lembro que pensei que o carro iria pegar fogo. Depois disse, despertei dentro de uma ambulância, com um policial falando comigo.

Por mais que tentasse falar era impossível sair qualquer som. A boca estava ferida, sangrando e o inchaço não demorou muito a se estabelecer. Você não consegue pensar em nada. Todo o corpo doía, especialmente o rosto, a cabeça e a perna direita. Tentava responder ao policial mas o meu raciocício estava lento, era como se o arquivo estivesse apagado ou desativado. Meu coração batia aceleradamente, como se fosse sair pela boca. Ouvi o policial dizer a alguém que preparasse o equipamento cardíaco.

Nada tinha importância naqueles momentos. Nem o presente, nem o passado, tampouco o futuro. Não vinha nome de ninguém na minha cabeça e o policial insistia em me perguntar o número do meu telefone, que não lembrava. Finalmente ele disse que estava sendo levado para um hospital. Houve a troca de maca e minha cabeça parecia que ia explodir. Tinha medo de desmaiar outra vez e o ambiente da UTI era terrível ouvir os lamentos, choros, conversas paralelas dos médicos e enfermeiros. Dois dos atendentes me tratavam como se eu fosse um boneco de madeira, sem alma e sem vida. Faziam os procedimentos e conversavam um com o outro sobre problemas pessoais de relacionamentos. E eu queria silêncio, mas não estava em condições de falar, muito menos de reclamar.

Os passeios pelos corredores, entre um quarto de radiografias e outro eram terriveis. A minha maca batia nas paredes, como se nada tivesse ocorrendo, mas era uma turtura. As dores aumentavam consideravelmente e eu queria gritar e não podia. Para eles, era apenas uma maca sendo carregada de um lugar para outro. Para mim, era como facadas na cabeça.

Não sei se apagei outra vez, mas lembro que abri os olhos e estava completamente imobilizado por aparelhos, tubos etc. Via a luz no teto, a parede, o barulho das pessoas acidentadas e a conversa dos médicos e enfermeiros sobre assuntos de suas vidas particulares, como nos filmes americanos. Pela primeira vez me senti só e abandonado, sentimentos que normalmente não me ocorrem. Comecei a perceber que o meu corpo falava alto, independente da minha vontade. Comecei a chorar incontroladamente. Podia mexer com os braços e senti oleosidade nas lágrimas. Por que estava chorando? Não entendia!

Quando percebi que todos os barulhos do lugar me incomodavam bastante, comecei a entender que o acidente havia passado mas dentro do meu corpo havia um ambiente totalmente fragilizado e instável, o q1ual não tinha deixado o acidente para traz. Todos os músculos doíam e eu não sabia ainda se tinha quebrado algum osso. Médicos e enfermeiros se preocupavam com o corpo, mas a minha alma estava em frangalhos, as emoções descontroladas e confusas, como quem agita uma garrafa de champanhe, que vai explodir. Quando me colocaram naquela máquina para escanear os ossos, entrei em completo parafuso. Instintivamente comecei a dizer que nada estava acontecendo, tentei respirar profundamente, mas estava, sim, tendo um ataque de claustrofobia, complemente ignorado pelas médicos e assistentes. Ninguém me disse sobre aquele exame nem me preparou para entrar naquela máquina. Não sei quanto tempo demorou, mas foi uma eternidade. Era como se tivesse sido enterrado vivo e essa é uma memória que me trouxe lembranças do Antigo Egito.

Duas horas depois do acidente é que comecei a ter plena conciência do que havia ocorrido. Ouvi o policial dizer para um médico de que o taxi ficou imprestável, mas não disse o que se passou com o motorista. Quando vi na roupa do médico a palavra neurocirurgião fiquei apavorado. Passei a mão pelo corpo e vi que minha bolsa ainda estava atada, como sempre uso. Apontei para a bolsa e felizmente a enfermeira entendeu que eu queria que ela abrisse a bolsa. Fiz sinal de telefone e ela achou o meu celular. Aprendi alguns truques nos EUA e tinha programado no celular o número Um para emergências. Mostei o número e a enfermeira chamou o meu trabalho. Meia hora depois, o pessoal chegou e ai relaxei mais. O neurocirurgião disse que tudo estava bem, que não me preocupasse.

Oito horas depois sai da UTI e fui para casa, o que queria muitíssimo. Nos dias que se seguiram, o acidente ainda estava acontecendo no meu corpo. Sonhos sem nexo, pesadelos sem fim. Dormir era uma tortura. Apesar de ter sido apenas um passageiro de taxi acidentado, o mundo parece que virou pelo averso. Além das dores e dos inchaços, as memórias conscientes e inconcientes eram o que mais incomodava. Fui para a internete e vi que muitas pessoas que passam por acidentes tem traumas profundos, de acordo com a história de cada um. Um deles: “Gostaria de saber se realmente preciso de uma ajuda profissional. Sofri um acidente de carro há uma semana, em que eu estava a conduzir, e tinha mais três amigos comigo! Graças a Deus nada de mais grave aconteceu. Depois deste acidente a minha vida mudou, eu mudei a minha maneira de ser, agir, pensar… Tenho vontade de desaparecer, não consigo ouvir as pessoas falarem por muito tempo, pois isso irrita-me, choro a todo o momento, discuto com meus amigos à toa, sem motivo, não consigo ficar parada muito tempo, tenho vontade de ficar longe de tudo e todos, culpo-me pelo acidente, pois poderia ter acontecido algo pior, poderia ter morto alguem. Tentei marcar uma consulta com um psiquiatra pela minha seguradora mas só vou conseguir a consulta daqui um mês, tenho medo de não aguentar tanto tempo sem uma ajuda. Estou a sofrer demais com isto, nao tenho vontade de trabalhar. Porque é que tenho tanto medo? Tento controlar-me, porque tenho três filhos que dependem de mim para tudo, mas nem vontade de voltar para casa eu tenho. Depois do acidente comecei a beber demais, sei disso, mas não consigo controlar-me. Bebo todos os dias”.

Quando vi o depoimento acima passei a entender completamente tudo o que tinha acontecido comigo, com a diferença que tive o apoio silencioso e carinhoso de amigos e de pessoas queridas ao meu redor. Queria ir até essa pessoa anônima na internete e abraçá-la, conformtá-la e dizer que existe algo além do que pensamos a respeito do nosso corpo. Há um mar de memórias, programações e sistema de informação que deve ser considerado em todos os aspectos da nossa vida, especialmente em hospitais e trabalhadores da saúde. É um erro enorme considerar os aspectos físicos e esquecer dos emociais, espirituais e mentais. A grande maioria dos hospitais e dos profissionais de saúde está mal treinada, despreparada. Precisaríamos refazer, reorganizar todos os cursos de medicina para que a nova geração possa ver o ser humano como realmente é: um ser integral. A rede de memórias do nosso corpo não só guarda o passado. Está ativa para o momento presente. Necessita ser considerada como um organismo vivo e ativo, carente, dependente como uma criança recém-nascida. É 70% de água e água grava tudo.

O choque de um acidente é terrivel. Desloca todos os pontos de memória. Desorganiza tudo, e o ser humano precisa ser tratado como se fosse um bebê, independente da idade e da história. A fragilidade do nosso ser é um detalhe dos mais importantes e deve ser colocado na lista de prioridades. Quando menos informação sobre amor for contida no DNA, mais sofrimento e dor. Cada parte machucada é um banco de dados ativo. Tudo está vivo, desde o início dos tempos. A vida não começa aqui e agora. Há uma programação, um banco de dados cheio de instintos, percepções, sentimentos, vivência e visões que jamais imaginamos sermos capaz de acumular. Sim, somos seres maravilhosos e perfeitos, embora negamos isso todos os dias. Oito dias depois, já durmo tranquilo. Tudo se acomodou graças a orações, carinho, Reiki e florais. Isso tudo ajudou a me recordar o que sou. Muita gente não tem essa estrutura emocional nem uma história parecida com a minha. É preciso despertar para o mundo ao redor, saber de onde vinhemos e para onde vamos. Assim, a vida se torna mais suave e bela, independentemente de tudo o que possa acontecer e de quem estiver ao nosso redor.

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Trauma depois de um acidente

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