Por José Joacir dos Santos
Há um longo caminho a ser percorrido por quem não entende o processo de reencarnação. Não dá para pular etapas. É uma vida após outra, com ou não intervalos entre elas. Quando comecei a estudar este assunto, queria usar a lógica da vida material, na terra. Claro que não saía do lugar porque cada dimensão do universo tem suas regras, estágios, frequências, tempo, lugar e tudo isso requer habilidades específicas, inclusive físicas. A reencarnação é mencionada sutilmente na Bíblia, mas quem escreveu aqueles artigos não tinha a capacidade, clara, de decodificar as muitas informações recebidas sobre o assunto.
Outros livros de outras culturas também citam encarnações sucessivas, de forma que o assunto não pretence somente ao cristianismo. Mesmo convivendo ao lado de Jesus, os apóstolos não decodificavam, com clareza, tudo o que ele repetia o tempo inteiro. Assim, muito do que o Mestre falou se perdeu no vento. Ainda hoje, há pessoas que vivem com a Bíblia debaixo do braço e não entendem o que está escrito nela, embora algumas delas tenham até nível escolar superior – ultimamente, a gente ver, nos noticiários, criminosos recebendo o título de pastor e pastores apoiando grupos acusados de promover golpe de estado.
Cada ser humano já teve inúmeras vidas passadas, cada uma conforme a necessidade e nem tudo ocorre bem. Quando você começa a acessar as suas próprias reencarnações sofre choques culturais terríveis. As saídas do corpo com essa finalidade não tem subtítulos nem tradução, é você por você mesmo, cara a cara, em espaços e dimensões diferentes. A volta para o corpo físico é uma mistura de alívio, preocupação, as vezes dor ou confusão mental. A confusão mais comum é tentar compreender se você assiste ou é parte integrante do que se desdobra na sua frente. De qualquer forma, tudo é a seu respeito.
Recentemente, deparei comigo mesmo fora do corpo físico, “vestido” em outro corpo totalmente diferente do meu corpo físico atual, em uma sociedade medieval. Quem me levou a esse estágio não se preocupou com as preliminares, isto é, não explicou nada do que eu iria ser revelado. Magro, alto e branco, estava sentado em um banco de madeira, acompanhado de uma espécie de guarda de segurança, encapuzado. A sala estava cheia e logo descobri que todas aquelas pessoas estavam ali para assistir execuções, inclusive a minha, como se fosse uma celebração. Sim, tinha sido condenado à pena capital, isto é, à morte, sem dor nem piedade, sem a menor investigação sobre a acusação. Sequer sabia do que era acusado.
Ninguém me disse qual tinha sido o crime e a sensação que eu tinha era a de que era uma acusação fabricada intencionalmente, de cunho religioso. Um casal adentrou na sala, sorridente, feliz. Quando bati meu olhar neles, veio a leitura imediata. Foram eles quem me acusaram de bruxaria para se vingar de alguma coisa e ficar com a minha propriedade vizinha à deles. A vila celebrava as execuções como se fossem festividades. A justiça, nas mãos de religiosos cristãos, não investigava os fatos. Ouvia só quem acusava! No serviço público atual, tal comportamento ainda é muito presente. Há chefes, fracos, que gerenciam suas administrações com base na fofoca, na mentira e nas perseguições a funcionários.
Em dado momento, entra na sala o homem que seria o juiz final da sentença. Ele diz para todos se dirigirem ao pátio do prédio e pergunta a um dos presentes quando ele vai prender o “culpado”. Tremi na cadeira e olhei para o guarda de segurança, que apenas tocou meu braço em um gesto de “fique quieto”. Aparentemente, o juiz nem sabia que o acusado já estava preso e certamente já tinha passado por pressões físicas e psicológicas para aceitar pacificamente a acusação. Sem nem saber quem era o culpado, o tal juiz convidou as pessoas presentes para assistirem à execução no pátio do lugar.
O guarda de segurança apertou meu braço e disse: vamos!
Enquanto todos saíam da sala, meu estômago embrulhou e meu cérebro sofreu uma avalanche de medo e terror. Estava prestes a perder o meu corpo físico e a minha vida, naquela vida, bloqueada, por uma falsa acusação religiosa. Foi tão forte a sensação que voltei ao meu corpo físico atual, na cama. Como o universo, em sua generosidade absoluta, determinou a eternidade da alma, voltei à cena anterior onde pude ver o meu espírito sendo levado imediatamente para nova reencarnação. Quem estava comigo me chamou a atenção não só para o momento em que meu espírito era levado para reencarnar imediatamente em outro corpo, mas, também, para o casal que tinha me denunciado.
Atrás deles havia um grupo de espíritos amargurados, infelizes. Todos tiveram suas vidas ceifadas graças à delação, falsa, do mesmo casal que havia de delatado. Eles não tiveram a chance de reencarnar e esperavam que o casal morresse para se vingar deles. Disso eu já sabia. Quem faz aqui paga de qualquer jeito. Se não for em vida, será depois da morte. Na antiguidade, os líderes religiosos diziam: quem com o ferro fere, com o ferro será ferido! A maioria não entendia o que repetia e cometia os mesmos erros, quase sempre usando o “santo nome em vão”. Os crimes cometidos por motivos religiosos têm um peso maior porque o santo nome é usado para a maldade.
A grande sabedoria do processo de reencarnação universal é tanta que ninguém precisa apontar para os algozes, os criminosos, os falsários, os falsificadores, os perseguidores de todas as épocas: a energia deles apontará para eles mesmos no dia do próprio julgamento. A memória celular individual grava tudo, de todos, inclusive de chefões da internet que usam suas fortunas para apoiar extremistas e criminosos. Toda maldade volta para a origem, algum dia!
Já me conformei quando vejo aquelas jovens de bicicleta, nas cidades grandes, roubando celulares até de pessoas idosas. Não quero estar presente quando aquela energia perveça e criminosa começar a voltar para cada um deles e suas famílias. Nem eu nem quem teve o celular roubado precisará presenciar. Celular a gente compra outro. Mas a energia do roubo, como muitas outras apoiadas na maldade, não se apaga, só se reverte contra o ladrão. Dá uma volta e acha sua origem, sempre, de dia ou de noite. Imagine, no futuro, aqueles criminosos, e seus chefes, sendo obrigados a ver, no telão do outro lado da vida, a história de suas vidas, permeada de crimes. É bom lembrar que roubo não vale pelo tamanho. Tanto faz assaltar um banco como roubar um ovo de galinha: é crime!
Como criminosos não atingem frequências altas e por isso não têm acesso a dimensões mais evoluídas, mesmo aqueles influenciadores de última hora, dificilmente terão a oportunidade, consciente, de fazer a releitura de suas vidas. Mas, não estou aqui para perder meu tempo julgando ninguém. Como disse, no dia do julgamento, cada um apontará o dedo para si mesmo. Imagine como reencarnará alguém que morreu cometendo um crime ou depois de cometer vários crimes…
Revisado em 08 de abril de 2025