Por José Joacir dos Santos, (fotografia do Macaco Rei ou Hanuman, da coleção particular do autor).
Nas frequências, dimensões ou mundos espirituais existem hierarquias, independentemente da religião. Há religiões que negam isso, o que é lamentável porque a negação não impede a existência e os fatos. O processo de evolução é único e necessário para todos ser vivo. Nada nem ninguém passa desapercebido entre o céu e os mundos interiores da terra. Por isso que as religiões milenares exigem iniciações, ou seja, caminhos para a definição do patamar em que cada ser está, esteve ou estará. Os seres espirituais devem ser capazes de olhar para baixo e saber sua linhagem, tanto quanto a olhar para cima e saber os degraus que deverá subir, com pouco esforço. As entidades que aparecem muito poderosas, como se fossem as únicas, apenas estão denunciando os sinais de arrogância. Maria, a mãe de Jesus, só foi elevada depois de sua própria morte e graças aos anos de dedicação silenciosa que viveu.
O caso da entidade conhecida mundialmente como Kuan Yin ou Cannon é raro e educativo, a começar pelo próprio nome. Muito popular no século XV, depois de centenas de reencarnações, a entidade se sentiu em paz e harmonia com a suas capacidades adquiridas em sucessivas reencarnações como masculina ou feminina, sem que esse atributo lhe causasse o menor constrangimento, muito pelo contrário, se tornou uma ferramenta de trabalho de extrema importância em todos os cantos do planeta Terra. Nas inúmeras vezes que lhe perguntaram se queria ascender, isto é, encerrar o processo encarnatório na terra, ela agradeceu e disse que só aceitaria esse convite no dia em que não houvesse mais choro na face da Terra. Ela já tem o título (ou o véu) de entidade suprema do amor no mundo. Assim, Avalokitesvara ou Canon ou Kuan Yin Pu Sa continua ativa em todos os quadrantes do Planeta Terra e de outros mundos. É o mesmo véu alcançado por Maria, mãe de Jesus, que se dedica, todos os dias dos nossos dias, a erradicar a cegueira, a surdez, as desabilidades físicas, mentais, emocionais e espirituais das crianças que recebem um novo corpo ou uma nova encarnação no planeta nos nossos dias.
No budismo e em várias religiões ou seitas orientais a simbologia está presente, visceralmente. Desde milênios, imagens físicas, pintadas ou em forma de estátuas, são encontradas em templos, montanhas, cavernas e pequenas capelas, dos quatro cantos da terra, com cabeças superpostas, sinalizando a hierarquia a que pertence. A forma encontrada pelos artistas e artesãos para expressar essa elevação hierarquia é acrescentar uma cabeça sobre a existente cabeça da entidade. Dessa forma, Kuan Yin ou Canon aparece portando até 12 cabeças, mil olhos, braços e mãos na Índia, na China, na Korea, no Japão, Tibet, Nepal e países da Ásia Central (Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turcomenistão, Uzbequistão e Afeganistão). Há outras entidades com mais cabeças.
Em todos os casos, essa multiplicação de cabeças, olhos e braços significa que a entidade tem onisciência, onipresença e onipotência, isto é, é capacitada a tudo ver, sentir, atuar e se mobilizar nas 12 direções do universo, em todas as frequências dessas direções, em todas as formas e conteúdos físicos, mentais, emocionais e espirituais. Para elas não existe tempo nem espaço, isto é, tudo existe e é alcançável. Dito isso, Kuan Yin se expressa com seis a mil braços e ainda tem um olho em cada mão. Imagine agora a quantidade de entidades que ela abraça e envolve em todos os parâmetros de atendimento a qualquer ser vivente no planeta terra, a cada milésimo de segundo. Jesus também foi conduzido aos céus já elevado, portando todas essas capacidades espirituais em forma e conteúdo. As estátuas de entidade com três ou quatro caras que se ver em cidades inteiras do Cambodia, templos na Índia, Nepal, Tibet e Tailândia, também são referências à evolução espiritual e hierárquica da própria entidade. Nos templos da Tailândia, há muitas estátuas que não representam entidades, mas, sim, estado de espírito. Muitas vezes são apenas guardiães dos templos ou das portas ou simplesmente decoração como os anjos das igrejas católicas, que representam apenas um estado de espírito “angelical!” dos ambientes onde se encontram. Desde a antiguidade, o critério principal adotado para que uma entidade esteja pintada na parede ou na forma de estátua física foi e será a relevância de qualquer exemplo para a forma básica, sua simbologia, iconologia e iconografia.
Na mitologia chinesa há uma entidade muito famosa chamada de Monkey King (Macaco Rei). Trata-se a um personagem da mitologia tradicional chinesa, o protagonista do romance clássico “Jornada para o Oeste”. A figura tem forma humana, mas tem rosto que se divide entre humano e macaco, rabo de macaco, habilidades que vão além de pular e voar mais como macacos. Ele também combate a serviço do bem, ao lado de entidades espirituais evoluídas. O Macaco Rei é presente em muitos templos por toda a Ásia, transcendendo religiões, crenças etc.
Na Índia, o Macaco Rei tem atuação muito expressiva dentro do hinduísmo e é chamado de Hanuman. Ele tem grande proximidade com a entidade Kuan Yin e tive a oportunidade de conhecê-lo bem de perto quando morei em New Delhi/Índia, numa experiência de materialização que nunca, jamais, vou esquecer. Isso significa que a entidade é viva e atuante, não importa em que século estamos. O que importa é quem necessita chamá-la com fé porque a entidade é viajante no tempo e no espaço, sem limite algum. Recentemente os jogos da internet adicionaram Hanuman.
Tanto no budismo como no hinduísmo, deuses representados com mais de uma cabeça significa que atingiram, por méritos próprios, a onipresença, a onisciência e a onipotência – ou uma ou mais dessas capacidades. De acordo com Tove E. Neville, na página XXIV do seu livro “Eleven-Headed Avalokitesvara” (Avalokitesvara de onde cabeças), uma das formas de Kuan Yin Pu Sa chamada de Amitayundhyana tem onze cabeças e cem mil braços, enquanto cem mil vezes dez milhões de olhos são atribuídos a ela. Veja que o nome dado a ela traz uma referência ao seu grande mestre Amita, o que sinaliza e simboliza bem de qual linhagem ela vem. Em muitas regiões do Oriente, da Ásia Central, do Sudeste asiático e do Oriente Médio, inclusive na Galileia onde Jesus nasceu, os pais davam nomes aos filhos de acordo com a linhagem, por exemplo, José filho de Davi, Maria filha de Mateus etc. No sertão da Paraíba também havia esse costume nos anos 1950, trazido pelos judeus que ocuparam aquela parte do Brasil.
Nenhuma cultura milenar abominou estátuas. Jesus condenou a adoração de estátuas de animais, os quais, pela própria natureza e condição de animal, não pertencia a nenhuma hierarquia espiritual elevada como bodes, cabelos, cavalos, embora todos sejam filhos da natureza e a natureza foi criada por deus. No mundo sem a escrita, as estátuas eram verdadeiras fontes de sabedoria, conhecimento e motivos de adoração pela sua representatividade, da mesma forma que se olha para a fotografia do pai ou da mãe, com adoração e respeito. Em 1517, na Alemanha, Lutero, ressentido com as supostas práticas católicas da região onde morava, inventou sua própria religião, o protestantismo, empobrecendo as práticas cristãs com seus achados e maneira particular de viver, cheia de proibições e controles, até ditando como as pessoas deveriam se vestir.
As hierarquias também existem no lado escuro da força porque tudo é acima como embaixo. No estudo judaico da Cabala, aquele arcanjo que perdeu sua posição porque queria ser maior que deus, foi expulso do Paraíso juntamente com 72 dos seus poderosos seguidores (não confundir com os 72 nomes sagrados de deus). Imagine o tamanho de sua linhagem e egrégora, todos obrigados a descer para a terra ou para esfera correspondente no universo – os anjos caídos. O budismo e o hinduísmo também reconhecem a existências dessas egrégoras, que atuam na crosta terrestre, onde muitos deles não conseguiram se libertar e trabalham para o lado do mal. Nessas duas religiões milenares há o conhecimento de que existem demônios que trabalham ajudando ao bem e a natureza deles é de muita precaução. Certa vez um veterinário me disse: o cão da raça pitbull será sempre um pitbull, isto é, a sua natureza é imprevisível, apto a atacar. Por isso que é preciso ter muito cuidado com as linhagens e hierarquias espirituais, inclusive Reiki. Você nunca saberá o que está pensando o pitbull que lhe olha.
Nos centros das religiões de origem africana no Brasil os sacerdotes mais experientes sabem que há entidades mentirosas, capazes de prometer o céu e a terra; capazes de mentir até a sua origem e nome para conseguir o que desejam de quem lhe dá ouvidos. Assim também é nas diversas seitas originárias do budismo, do hinduísmo e aquelas antigas, como as japonesas e coreanas. No Nepal isso fica muito claro. Andando pelas ruas de Kathmandu você vai ver o emprego de entidades, expressado nos locais onde elas são colocadas – de baixo ou de alto nível energético. O budismo treina muito bem os monges que deverão lidar com incorporação de espíritos porque sabe os danos que essa prática pode causar ao monge.
Quando o budismo insiste que devemos viver no presente é porque só o momento presente é capaz de nos impulsionar para a evolução e a ascensão espiritual – missão de todos nós na terra. Os seres e entidades que alcançaram a onisciência, a onipresença e ainda continuam atuando no planeta terra, como Kuan Yin e Maria, em prol da ascensão da humanidade, são exemplos de humildade, mansidão, coração grande, benevolência adquirida, capacitação para a compaixão e o perdão. O futuro ainda não existe. O passado já acabou. Só o presente existe!
12/10/2025
joacirpsi@gmail.com