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Católicos LGBTQIA+ assumem sexualidade na Alemanha

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Católicos LGBTQIA+ assumem sexualidade e criticam discriminação da Igreja na Alemanha

Movimento reúne padres e profissionais que prestam serviço para a instituição

Um grupo de 125 católicos alemães LGBTQIA+ denunciou nesta segunda-feira (24) o que eles chamam de política discriminatória da Igreja. No documento, eles revelam sua sexualidade, “para não se esconder mais”. Os padres, ex-sacerdotes, professores de teologia contratados pela instituição, voluntários das paróquias e praticantes da religião escreveram um manifesto publicado na internet e nas redes sociais com a hashtag #OutInChurch e a mensagem “por uma Igreja sem medo”. No texto, os fiéis se opõem à doutrina católica e afirmam que orientação sexual, identidade de gênero ou um relacionamento não heterossexual não devem ser “um obstáculo ao emprego ou motivo de demissão”.

O grupo pede “uma mudança no código trabalhista discriminatório da Igreja Católica” e a eliminação da “redação degradante e excludente” de regulamentos da instituição. De acordo com o documento, um “sistema de encobrimento, padrões duplos e desonestidade” cerca a questão LGBTQIA+ na religião. “Queremos poder viver e trabalhar na Igreja abertamente como pessoas LGBT+ sem medo.” O ministro da Justiça da Alemanha, Marco Buschmann, foi uma das autoridades que apoiaram a iniciativa. “Ninguém deve ser desfavorecido por causa de sua identidade sexual”, disse, destacando que instituições católicas são “um dos empregadores mais importantes do país”. Segundo o governo, as igrejas protestante e católica empregam cerca de 1,3 milhão de pessoas —o que as transforma nos maiores empregadores depois do setor público.

“Não quero mais me esconder”, disse à agência AFP Uwe Grau, um padre gay da diocese de Rothenburg-Stuttgart, no sul do país.

Stephan Schwab, 50, também revelou sua orientação sexual no site do coletivo. “Acredito firmemente que faço um bom trabalho mesmo sendo um padre gay.” Há um ano, ele não hesitou em celebrar uma missa para homossexuais em sua igreja em Würzburg.

A questão da identidade LGBTQIA+ vem sendo debatida no Vaticano, com o atual pontífice tendo feito uma declaração que foi considerada a mais forte de um papa em defesa dos direitos dessas populações. Em um filme lançado em 2020, Francisco disse que casais homoafetivos devem ser protegidos por leis de união civil —ecoando um pouco uma posição de quando era arcebispo de Buenos Aires e citou a necessidade de haver algum tipo de proteção legal a casais gays.

“Pessoas homossexuais têm o direito de estar em uma família. Elas são filhas de Deus e têm direito a uma família. Ninguém deveria ser descartado [dela] ou ser transformado em miserável por conta disso”, afirmou, no documentário “Francesco”.

Ainda assim, com aval do papa, em março do ano passado, o Vaticano determinou que padres e outros ministros não podem abençoar uniões entre pessoas do mesmo sexo e que, caso isso seja realizado, deve ser considerado ilícito.

À época, nota da Congregação para a Doutrina da Fé afirmou que “Deus não pode abençoar o pecado”, mas não excluiu a possibilidade de que bênçãos sejam concedidas a “pessoas com inclinações homossexuais que manifestem a vontade de viver em fidelidade aos desígnios de Deus”.

O documento divulgado nesta segunda na Alemanha pede ainda que declarações difamatórias sobre gênero e sexualidade sejam removidas do ensino religioso e que pessoas LGBTQIA+ tenham acesso aos sacramentos católicos e a todos os campos profissionais da Igreja.

O arcebispo de Hamburgo, Stefan Hesse, apoiou a iniciativa do coletivo #OutInChurch. “Uma Igreja na qual se deve esconder sua orientação sexual não pode, na minha opinião, estar no espírito de Jesus.” O religioso se disse defensor de uma mudança na “moral sexual e na lei trabalhista da Igreja”.

O manifesto segue essa lógica ao sustentar que declarações depreciativas da Igreja sobre relações entre pessoas do mesmo sexo não são mais aceitáveis ​​à luz do conhecimento científico. “Tal discriminação é uma traição ao evangelho.”

Ao jornal alemão Bild, Monika Schmelter, ex-diretora de um centro da associação Caritas, e Marie Kortenbusch, professora de teologia, contaram que esconderam seu relacionamento por 40 anos, por medo de perder o emprego antes de agora enfim se assumirem —dois anos após o casamento secreto. “Acho maravilhoso que agora eu possa falar em nome de pessoas que ainda vivem com medo”, disse Kortenbusch.

A iniciativa quer mobilizar o público para criar uma forma de pressão ao Vaticano e pretende angariar mais apoios entre bispos. De acordo com a rede DW, cerca de 30 associações e organizações católicas já expressaram solidariedade ao manifesto.

Segundo o padre Bernd Mönkebüscher, de Hamm, que já havia encabeçado serviços de bênção para casais homossexuais no ano passado, a campanha foi inspirada em uma ação similar feita por 185 atores alemães. Os profissionais criticaram o fato de muitos artistas não poderem falar abertamente sobre sua sexualidade por temerem desvantagens profissionais.

A Igreja Católica autoriza o casamento apenas entre um homem e uma mulher e historicamente se opõe a outras formas de união. Os ensinamentos católicos consideram atos sexuais entre pessoas de mesmo gênero um pecado, embora indiquem que pessoas LGBT+ devem ser tratadas com dignidade.

Francisco, que lidera a Igreja desde 2013, não mudou dogmas e já criticou o que chamou de “teoria de gênero” como um “projeto ideológico”, mas tem adotado uma postura mais aberta no tema —de resto criticada pelos conservadores. Ele disse, por exemplo, que jamais poderia julgar um gay, sinalizou que os católicos devem acolher crianças de casais do mesmo sexo e recebeu transexuais e defensores do aborto em audiências.

Um dos principais opositores ao casamento gay na Igreja é o papa emérito Bento 16. Em uma biografia autorizada, ele comparou a prática ao “anticristo”.

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/01/catolicos-lgbtqia-assumem-sexualidade-e-criticam-discriminacao-da-igreja-na-alemanha.shtml

Desvio sexual. O que é?

Psicologia e Psicossomática

Por José Joacir dos Santos, psicanalista e psicoterapeuta

A sexualidade é o maior poder criativo do ser humano. Junta o instinto com a consciência. Promove o bem-estar físico, mental, emocional e espiritual. Os desvios sexuais ocorrem quando o indivíduo é reprimido em suas expressões físicas, mentais, emocionais e tem a espiritualidade como forma repressora dos seus instintos e de sua consciência. O que é desvio sexual? É o uso indevido da sexualidade: abuso, estupro, violência. E o que é uso indevido? É o uso da energia sexual para a maldade, a violência, a magia negra, a obsessão, que nada tem a ver com gênero. No Brasil, as igrejas castradoras distorcem o assunto, tentando convencer seus seguidores a direcionar a inteligência sexual contra si mesmo. E tem sucesso quando o indivíduo se deixa escravizar pelas suas ideologias que só favorecem aos que estão no poder. Após a eleição de 2018, a nação brasileira testemunhou a tentativa do governo federal em intimidar e interferir na educação sexual das pessoas.

As genitálias humanas não pensam, não têm sentimento e não diferenciam os gêneros. Estão a serviço do impulso emocional, do sentimento, da intenção mental. Não são bombas que podem explodir a qualquer momento, sem controle. Agem pelo comando mental, seja amoroso ou destrutivo. São controladas pelo corpo emocional, que é totalmente vulnerável às lavagens cerebrais intencionais de grupos, religiões e crenças familiares. A expressão cultural, em forma de arte e beleza, só eclode quando o indivíduo está desimpedido emocionalmente de expressar sua sexualidade, seja qual for a forma e o gênero. A repressão da sexualidade provoca doenças físicas, mentais e emocionais porque faz parte do sistema elétrico do ser humano. Como tudo isso está ligado ao espírito, provoca também a doença do espírito, e isso já levou muita gente a hospitais psiquiátricos indevidamente. As lideranças políticas e religiosas reprimem o sexo porque sabem que sem essa energia ativa e feliz o ser humano fica totalmente rendido e fácil de ser manipulado. Aí entram as mentiras e as lavagens ideológicas.

É a família quem se coloca a serviço dos controladores do poder para reprimir seus filhos desde a mais tenra idade e assim aparecer bem para seus dominadores. Seria uma espécie de troca de favores, em detrimento da felicidade dos filhos. Quando houve a revolução comunista na Rússia e na China,  jovens eram aliciados pelos líderes políticos para dedurar seus pais — se eles transgredissem as normas do poder estabelecido. Os crimes sexuais, como a pedofilia, são o resultado da repressão do sistema de poder prevalecente em qualquer país. Um dos países onde mais estupro ocorre é a Índia, onde o cruel sistema de casta divide as pessoas por suas posses e ancestralidade. Sexo é reprimido de todas as formas e está vinculado, naquele país, ao casamento arranjado, onde as pessoas se conhecem no dia do casamento. Onde quer que haja repressão, é claramente uma decisão política. Quando eu morei na Índia e vi, longe de qualquer influência, a estrutura das castas, cuidadosamente mantida pelos políticos, seitas e religiões, inclusive o comércio do casamento arranjado, passei a questionar qualquer técnica indiana atual de iluminação. Como você pode se iluminar com o sofrimento coletivo?

Os líderes e sistemas políticos dão carta branca para aqueles que esperam todas as possibilidades de usar o poder para o auto favorecimento, nem que isso seja a criminalidade. Quanto mais educada e livre for a sociedade, menor será o nível de criminalidade. Quando mais felizes as pessoas forem para expressar sua sexualidade, mais progresso, paz, respeito e tranquilidade a sociedade vai desfrutar. Onde há crimes sexuais, como o estupro, é sinal de alarme das mazelas das lideranças políticas. Nos séculos passados, enquanto a igreja católica reprimia a sexualidade e interferia na vida íntima das pessoas, inclusive no Brasil, propiciou o aparecimento do desrespeito, da intolerância e dos crimes sexuais dentro da própria igreja. Para sofisticar esse sofrimento, a igreja apontou o dedo e demonizou a homossexualidade para esconder suas próprias masmorras. O pano de fundo da escravidão era o comércio sexual das pessoas.

A igreja católica criminalizou a homossexualidade para poder doutrinar as consciências e tomar o poder, não só nos domínios de Roma, mas em países onde a sexualidade era livre e harmônica por séculos seguidos, como na Grécia e Índia. A rainha Vitória, da Inglaterra, teve filhos com muitos homens, até com seguranças escravizados e mesmo assim reprimiu as manifestações da sexualidade, tradicionalmente milenares na Índia. A história de Roma e dos romanos, tem altos e baixos dos dois lados do uso da energia sexual: o positivo e o negativo. No positivo, a tradição cultural daquela parte da Itália era muito parecida com a de países vizinhos com a Grécia, onde a iniciação sexual era sempre entre homens. Eles se casavam com mulheres, mas podiam manter seus amantes, dentro de casa. No continente hindu, onde hoje está a Índia, essa cultura também existia.

Com a ascensão do cristianismo, os imperadores romanos publicaram leis segundo as quais o cidadão romano poderia fazer sexo com outro homem, desde que não fosse um cidadão romano. Os senadores não respeitavam muito aquelas normas. Eles adoravam escolher os melhores gladiadores para a festa  na cama, mesmo aqueles casados. Os soldados romanos, ocupados com a manutenção da ocupação militar do império em várias partes do mundo, também ignoravam aquelas normas. Muitos deles preferiam manter escravos sexuais entre os prisioneiros de guerra, todos homens. Paulo, o apóstolo conhecia muito bem  o comércio sexual dos soldados romanos. Ironicamente, ele foi um dos responsáveis pela criminalização da homossexualidade na igreja de Roma. Na Itália como um todo e na Roma política, antes, durante e depois do cristianismo, o sexo sempre foi a moeda de troca, até entre famílias nobres. Soldados romanos traziam escravas sexuais de todas as províncias dominadas, escolhidos entre os militares derrotados. O cristianismo se aproveitou dos inúmeros assassinatos entre famílias, contra imperadores e gente da realeza para implantar suas idéias de culpa e pecado. Nos dias atuais, no Brasil, as igrejas cristãs quase vazias, quem tomou o controle da repressão foram os evangélicos, embora já tenham feito isso em muitos outros países, inclusive sobre o patrocínio de reis desequilibrados como Henrique VIII, da Inglaterra.

A demonstração de poder, seja qual for, é uma tentativa do indivíduo de desviar a atenção dos seus conflitos sexuais internos. É isso que ocorre com o indivíduo homofóbico. Ele agride, escolhe suas vítimas entre os mais medrosos e fragilizados para torturar e assim parecer que é superior em todos os sentidos da vida, quando, na verdade, está escondendo as suas inquietudes mais obscuras. Por trás de todo homofóbico há um desequilibrado sexual que tenta se esconder. É também uma forma de atingir o domínio sobre os indivíduos vinculados. Quem empodera o homofóbico, o racista, o criminoso, é quem está no poder político.

Quando a religião usa deus para reprimir a energia sexual é porque é destituída de qualquer argumento espiritual de qualidade e boa procedência. Perdeu a noção do que é sagrado. Conhece as fragilidades humanas e sabe que a sexualidade é um alvo fácil e incontestável. Conhece o teor e o medo a deus que implantou ao longo dos séculos. Sabe muito bem usar as lavagens cerebrais que priorizam o temor a deus. Sabe que o instinto sexual que o universo acoplou ao sistema físico humano é um caminho libertador que está acima da necessidade de reprodução e procriação.

Ao venderem a falsa afirmação de que são representantes de deus na terra, os líderes religiosos se apoderam da fragilidade e do medo em nome de deus, incorporado na humanidade pelo sofrimento em busca da sobrevivência. Quando algo sai errado, o indivíduo imediatamente culpa a deus, especialmente se for uma pessoa carente e fragilizada emocionalmente. Essa é uma estratégia de guerra: quando o inimigo se mostra fragilizado, com medo, temeroso, é hora de atacar para vencer a batalha. Assim, a religião ameaça com deus para reprimir e manter o fiel debaixo de suas inúmeras formas de poder, fazendo o indivíduo acreditar que é o poder de deus que o castiga e esse deus é cruel, implacável, incapaz de perdoar um só item da lista de pecado das igrejas.

Na Alemanha nazista houve momentos em que os soldados agiam por sua própria conta, empoderados pelo ódio e pelos discursos de seus líderes, fazendo suas próprias traduções do que achavam que tinham compreendido e isso resultou em milhares de assassinatos. No Brasil do presidente Bolsonaro acontece algo parecido. Empoderados pelos discursos inflamados do presidente, indivíduos desequilibrados, mal-intencionados e até deturpadores do que escutaram, passaram a agir por conta própria em nome do líder. Cito em um dos meus livros um fato que ocorreu na China durante a revolução comunista. Isso ocorre e já ocorreu em muitas partes do mundo, onde o padrão e a frequência energética do líder são traduzidos pelo público pouco esclarecido ou destituído de consciência como poder coletivo. Ele faz e eu replico. Se ele pode, eu posso.

Um dos piores exemplos dessa paralização cerebral, quase que um estado de letargia, aconteceu na revolução comunista na China. Um soldado ligou para o quartel general de outra província para se queixar com o chefe que a comunidade em que estava se recusava a se converter ao comunismo. Irritado, o líder do outro lado da linha disse: mate todos e faça uma sopa. O soldado não só ordenou a morte de todas as pessoas daquela comunidade como fez seus subordinados catar todas as panelas grandes e fazer sopa dos corpos. Havia, também, na região escassez de comida. E o soldado ainda teve a capacidade de registrar tudo no livro de campanha de sua guarnição militar.

A energia sexual foi acoplada no corpo físico do ser humano para facilitar o processo de criatividade e sobrevivência. Quando o ser humano se desequilibra, passa a agredir a si mesmo ou a quem estiver ao seu redor. Quando isso acontece, o indivíduo está literalmente utilizando o potencial dessa energia do lado negativo.  E isso pode ser muito destruidor porque a energia sexual não faz julgamento do seu uso. É como um carro que vai para onde o motorista decidir. Por isso, a tentativa de vincular a sexualidade a deus e criminalizar o gênero, pelo pecado ou pela aparência física, é um triunfo da ignorância. O maior mestre de todos os tempos, Jesus, jamais mencionou a sexualidade e nem discriminou ninguém com base nas genitálias.

A herança cultural de vinculação das genitálias a deus está camuflada na necessidade dos antigos líderes de procriar para ter homens fortes para a guerra e com isso garantir o poder. Enquanto a encenação do ódio e do castigo é mantida nos templos, os jornais brasileiros e do mundo mostram escândalos dentro das seitas e religiões com lavagem de dinheiro, corrupção, venda mentirosa da salvação e até envolvimento com o tráfico de drogas e armas. Tomara que um dia o povo descubra o quanto é usado em nome de deus e que deus jamais necessitou de intermediário para suas conexões.

Sempre é bom lembrar que os índios brasileiros receberam os colonizadores europeus despidos porque não havia os castigos de deus em sua cultura. 23/08/2020

Genes não ajudam a prever homossexualidade

Outros Assuntos/ Psicologia e Psicossomática

Maior pesquisa já feita sobre o assunto aponta que só 1% do comportamento sexual pode ser explicado por alguns genes

Por Reinaldo José Lopes, publicado na Folha de S.Paulo, em 29/08/2019. Veja link abaixo

SÃO CARLOS — O maior estudo já feito acerca da influência do genoma sobre a homossexualidade, envolvendo meio milhão de pessoas, sugere que essa característica é tão multifacetada quanto outros traços complexos da natureza humana, como a inteligência ou o talento para esportes.

Ao que tudo indica, interações complicadas entre milhares de genes e o ambiente em que as pessoas se desenvolvem ajudam a entender por que alguém se relaciona com parceiros do mesmo sexo, diz a pesquisa, coordenada por pesquisadores dos EUA e da Europa e publicada na revista Science.

Os resultados devem sepultar de vez a busca por um único “gene gay” (algo já desacreditado na comunidade científica há tempos). Também inviabilizam tentativas de usar dados de DNA para identificar pessoas com preferências homossexuais ou métodos biológicos para reverter tais preferências, simplesmente porque elas dependem de fatores variados e complexos demais para serem alterados.

 “Nossos dados mostram claramente que esse comportamento é uma parte natural da biologia humana e que, ao mesmo tempo, inclui uma enorme diversidade”, resume Benjamin Neale, pesquisador do Hospital Geral de Massachusetts e do Instituto Broad (EUA).

Neale é um dos coordenadores do estudo e participou de uma entrevista coletiva por telefone sobre os resultados, organizada pela Science. Também assinam a pesquisa o italiano Andrea Ganna, colega de Neale no Instituto Broad, e Fah Sathirapongsasuti, pesquisador de origem tailandesa que trabalha na empresa de genômica 23andMe, na Califórnia.

“Eu sou homossexual e me lembro de como era ficar pesquisando sobre o ‘gene gay’ na internet quando mais novo”, contou Fah. “Na época, falava-se muito sobre uma região do cromossomo X que seria ligada a essa característica. Como homens recebem seu cromossomo X pelo lado materno, eu costumava dizer que a ‘culpa’ era da minha mãe. Agora sei que a coisa é muito mais complexa, e que tanto meu pai quanto minha mãe têm ‘culpa’ nessa história”, brinca ele.

O mapeamento se valeu de uma técnica muito usada nos últimos anos para encontrar associações entre amplas áreas do genoma e determinada característica (veja infográfico).

Em suma, os pesquisadores fazem uma varredura no DNA dos voluntários, usando como pontos de referência numerosas variações de pequena escala, correspondentes a trocas de uma única “letra” química do material genético (o genoma de cada pessoa contém cerca de 3 bilhões de pares dessas “letras”).

Essas variantes são conhecidas como SNPs (sigla inglesa de “polimorfismos de nucleotídeo único”; pronuncia-se “snips”). Por si mesmas, podem não significar nada para o organismo, ou então podem mudar a “receita” para a produção de moléculas das células, mais ou menos como trocar uma única letra muda o sentido da expressão “muito pouco” para “muito louco”.

A presença de milhões de SNPs espalhados pelo genoma pode ser comparada com a presença de certo traço – cor do cabelo ou dos olhos, peso, interesse por música etc. A partir daí, podem surgir associações estatísticas: certo SNP é mais comum em pessoas de olhos azuis ou que gostam de brócolis (ambas são características influenciadas pela genética), digamos. Por fim, mais análises estatísticas e biológicas tentam confirmar se o elo é real e como funciona.

A equipe do novo estudo decidiu dividir os voluntários cujo DNA foi analisado em dois grupos: de um lado, os que declaravam só se relacionar com pessoas de sexo diferente do seu; de outro, todos os que afirmavam ter tido relações com gente do mesmo sexo alguma vez. “É importante ressaltar que estamos avaliando o comportamento sexual, não a identidade de gênero. Além disso, queríamos levar em conta a diversidade desse comportamento”, explica Neale.

As principais fontes de informações sobre o DNA foram o UK Biobank, banco de dados biológicos sem fins lucrativos do Reino Unido, e as amostras da 23andMe (em geral, americanos), que vêm de pessoas que compram um kit de análises genômicas de forma recreativa, para conhecer melhor sua própria herança genética. No caso do UK Biobank, 4,1% dos homens e 2,8% das mulheres declararam já ter tido relações homossexuais; a proporção geral na amostragem da 23andMe foi de 18,9%. No total, 447.522 pessoas foram incluídas na análise. Quando o efeito de todos os SNPs é combinado na análise, os cientistas estimam que entre 8% e 25% da diferença entre as pessoas no comportamento homossexual é explicada por essas variantes genéticas.

É importante frisar duas coisas: esses números se referem às diferenças na população como um todo, e não a indivíduos isolados; e os SNPs não correspondem ao total da variabilidade do genoma. Outros elementos do DNA, como o número de cópias de genes ou mudanças em trechos maiores do que uma só letra, também podem ter algum impacto ainda desconhecido. Com efeito, estudos com gêmeos idênticos sugerem uma influência genética entre 30% e 50% para o comportamento homossexual. Além disso, é muito difícil identificar lugares específicos do genoma que tenham influência mensurável sobre o comportamento homossexual, o que reforça a ideia de que são milhares de genes, cada um deles com um efeito minúsculo, os responsáveis por essa influência.

Após muito escarafunchar, o grupo de pesquisa achou apenas cinco regiões do genoma com algum impacto claro —duas para ambos os sexos, uma apenas para mulheres que já fizeram sexo com outras mulheres e duas para homens que já fizeram sexo com homens. Geneticamente, portanto, é bastante possível que ser gay seja um fenômeno bem diferente de ser lésbica. Ainda assim, o efeito somado desses SNPs explicaria menos de 1% das diferenças entre as pessoas nesse quesito. De qualquer modo, a análise detalhada desses SNPs mostra alguma lógica. No caso dos ligados ao comportamento homossexual masculino, por exemplo, há uma variante associada a genes que influenciam a detecção de moléculas de cheiro, e sabe-se que tais moléculas olfativas são importantes para a atração sexual. O outro SNP está associado à calvície masculina, um processo deflagrado pelos hormônios sexuais – os quais, é claro, também influenciam o interesse por parceiros.

Os pesquisadores destacam que o estudo tem uma série de limitações importantes. A principal delas é a falta de diversidade étnica na amostragem, já que os dados vêm de populações de origem majoritariamente europeia. Também há o fato de que os doadores de DNA são, em geral, pessoas mais velhas, com idade média superior a 40 anos. Isso pode ter diminuído a probabilidade de que elas relatassem experiências homossexuais, por terem crescido em ambientes menos abertos a esse tipo de relacionamento.

As influências ambientais, que se somam às influências genéticas para produzir o comportamento sexual humano, podem ser não apenas sociais e culturais como também biológicas. Há alguns indícios, por exemplo, que os hormônios produzidos pelo organismo materno durante a gestação também podem influenciar a orientação sexual.

https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2019/08/genes-nao-ajudam-a-prever-homossexualidade-mostra-estudo.shtml?loggedpaywall

Como sair do armário no esporte mais duro quase me levou ao suicídio

Outros Assuntos

lutadorPor Miguel Angel Bargueno, El Pais, 15/09/2015

Homens fortes chocando-se, narizes quebrados, lama. Essa é a ideia que, na Espanha, um país pouco amigo do rugby, podemos ter desse esporte que anima as massas no Reino Unido. Mas para Gareth Thomas, jogador emblemático do País de Gales, o primeiro a jogar 100 partidas por sua seleção, a parte realmente difícil foi ter que manter em segredo que é gay. “A batalha que tive que travar como pessoa foi dez vezes pior que as batalhas no campo. Eu era forte fisicamente, mas mentalmente fraco e com medo”, diz.

Foi no final de 2009 que Thomas (Bridgend, 1974) tornou pública sua homossexualidade. Levando em conta as poucas saídas do armário registradas no esporte, é possível suspeitar que anunciar sua homossexualidade no vestiário de um time de rugby não deve ser fácil. Nesse momento, já no final de sua carreira, Gareth Thomas admitiu ao Daily Mail que sabia de sua orientação sexual desde que tinha 16 anos, mas manteve tudo em segredo porque “sabia que nunca seria aceito” no “mais duro e machista dos esportes masculinos”, disse ele. “O rugby era minha paixão, minha vida, e não estava preparado para arriscar a perder o que amava.” E acrescenta: “Isso quase me leva ao suicídio”.

Sua experiência se torna atual porque a marca mais popular de cerveja escura, a Guinness, a escolheu como argumento para seu último anúncio. Já é conhecido que a tendência da moda na publicidade é o storytelling (contar uma história): as empresas se recusam a divulgar os benefícios de seus produtos, agora tudo é relato. Histórias de cervejeiros espanhóis que viajam ao sudeste da Ásia (San Miguel), de músicos de rock que evocam suas primeiras cervejas em Madri (Mahou) ou de jogadores de rugby que estiveram à beira do suicídio por medo de serem proibidos de sentir o prazer de chutar uma bola oval, o que Gareth mais gostava de fazer.

“Eu estava com medo de que todo mundo me virasse as costas”, diz ele no anúncio com cara de quem tirou um peso das costas. Com um estádio vazio no fundo, seu discurso é salpicado por imagens violentas de rugby e suave música de piano. “Eu não conseguia dormir, não conseguia fechar meus olhos, sentia pânico da escuridão”. No final de um jogo em que sentiu que não tinha rendido ao máximo, desabou na frente de seu treinador. “Não conseguia parar de chorar”, lembra. Felizmente, o técnico o apoiou. “Essas pessoas te amam”, disse ele, referindo-se a seus companheiros de equipe. Apesar de tudo, soltar a bomba para eles foi, para Thomas, “a coisa mais difícil que já fiz na minha vida”.

A batalha que tive que travar como pessoa foi dez vezes pior que as batalhas no campo. Eu era forte fisicamente, mas mentalmente fraco e com medo”, revela o atleta

Os maus presságios de Gareth não se cumpriram. Colegas de equipe e fãs apoiaram o jogador de 1,92 metros, no momento que ele mais precisava. “Quero agradecer a todos pela resposta incrível que recebi, em meu nome e no de minha família e amigos”, disse ele dias mais tarde. Robert Norster, presidente dos Cardiff Blues, onde jogava na época, dedicou palavras de elogio a ele: “É uma honra para esta equipe, alguém que contribuiu com honra para esta camiseta como um grande jogador e líder sólido. Sua vida privada só diz respeito a ele”. Isso não evitou que Gareth sofresse anos de angústia por esconder sua sexualidade porque achava que atrapalharia sua carreira.

Se a vida de Thomas serve para vender cervejas, também poderia ser utilizada para vender entradas de cinema. Embora com Mickey Rourke por trás do projeto nunca se sabe. O filme está há quatro anos dando voltas sem que, por enquanto, pareça que vai realmente ver a luz. Agora em 2015 Rourke tentou vendê-lo em Cannes, e fala dele em entrevistas, antecipando pérolas como que, caso ele interprete Thomas, “vai tirar os dentes postiços” para as cenas íntimas. As últimas notícias de Hollywood sugerem que Rourke está pensando, já que nos Estados Unidos a maioria das pessoas não sabe o que é rugby. Os planos de filmagens no País de Gales foram mudados para a Irlanda e a trama, longe de biográfica, seria baseada em um conceito mais amplo da homossexualidade no esporte (o filme poderia ser chamado Irish Thunder – Trovão Irlandês).

Em 19 de fevereiro os sofrimentos de Thomas chegaram ao teatro. Naquele dia estreou em Cardiff (País de Gales) a obra Crouch, touch, pause, engage (as instruções que dá o árbitro de rugby antes da formação inicial das jogadas, conhecida como scrum), baseada em sua vida e escrita sob sua supervisão. Depois da estreia, a obra percorreu o resto do País de Gales e Inglaterra. Aos 41 anos, Thomas, que ainda é conhecido em sua terra natal como Alfie (por sua semelhança com Alf, o personagem da popular série de TV) tornou-se um exemplo de integridade e resistência por seu sofrimento injusto, em um ícone gay (o primeiro grande atleta britânico a sair do armário) e uma celebridade que participa na versão britânica do Big Brother VIP ou posa nu para Attitude, a revista gay na qual falou de seu namorado, Ian Baum, dez anos mais velho: “Sinto que é a peça final do quebra-cabeça”.

observação: a foto que ilustra este artigo foi copiada da internete e não identifica a pessoa.

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