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Câncer de pênis. Como prevenir

Medicina Oriental/ Outros Assuntos/ Psicologia e Psicossomática

‘Me sinto decapitado’: por que cada vez mais homens têm o pênis amputado no Brasil?

Por Rone Carvalho – Role, De São José do Rio Preto (SP) para a BBC News Brasil.17/02/2024

Uma verruga no pênis fez João*, de 63 anos, procurar ajuda médica pela primeira vez, em 2018. “Comecei a ir em clínicas médicas conveniadas para saber o que era aquilo, mas todos os médicos me falavam que era por conta de excesso de pele e me receitavam medicamentos“, diz. Apesar de se medicar, o aposentado notava que a verruga continuava a crescer. Ele voltou a procurar especialistas, que passavam mais medicamentos e pediam novas biópsias – em que amostras do tecido de um órgão são retirados para análise.

Ele só descobriu o que tinha em 2023, quando foi atendido em um hospital público de São Paulo e encaminhado para o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), onde fez uma nova biópsia. O resultado: câncer de pênis. “Para todos em casa, foi uma surpresa muito desagradável, ainda mais porque que tive que amputar parte do pênis. Eu me sinto decapitado”, diz João. “É um tipo de câncer que você não pode falar para as pessoas, porque pode virar gozação.”

Dez amputações por semana

Um levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), com base em estatísticas do Ministério da Saúde, mostra que o número de casos assim tem crescido no Brasil. Entre 2013 e 2022, cerca de19,9 mil homens tiveram o diagnóstico de câncer de pênis, sendo que, desse total, 5,6 mil tiveram que ter o órgão amputado pela gravidade da doença. Uma média de pouco mais de dez amputações por semana. Segundo a SBU, quase todos os casos de amputações de pênis que são registrados no país são por conta de câncer, sendo raro casos de amputações por outras causas, como acidentes.

Desde 2008, o número de amputações de pênis por câncer tem crescido no Brasil. Foram 411 naquele ano, e houve 573 de janeiro a novembro do ano passado, quase 40% a mais. “Infelizmente, por vergonha ou falta de acesso aos serviços de saúde, é muito comum o homem recorrer a tratamentos indicados por conhecidos ou aquelas ‘pomadinhas’ do balconista da farmácia”, afirma Diogo Abreu, médico da seção de Urologia do Instituto Nacional do Câncer (Inca). “Isso atrasa o diagnóstico precoce e prejudica o resultado do tratamento.”

A demora no diagnóstico aumenta as chances de ser necessário amputar o pênis, porque o passar do tempo sem o tratamento adequado aumenta a gravidade do quadro. Isso também eleva as chances de morte pela doença – que é, em média, de 0,29 casos para cada 100.000 habitantes. No mundo, o Brasil é o terceiro país onde mais homens morrem de câncer de pênis. Para se ter uma ideia, o levantamento global de mortes pela doença mais recente da SBU, feito em 2020, mostra o Brasil (539 mortes) atrás apenas de Índia (4.760 mortes) e China (1.565 mortes). “A enorme deficiência em educação de qualidade no Brasil cria uma grande dificuldade de acesso à informação, incluindo sobre hábitos de higiene fundamentais para evitar a doença”, disse Maurício Cordeiro, coordenador do Departamento de Uro-Oncologia da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

Questionado sobre a alta incidência de câncer de pênis, em relação a outros países do mundo, o Ministério da Saúde disse que trabalha com campanhas de conscientização sobre a doença. A pasta também afirmou que a atual gestão retomou investimentos em políticas de saúde e de cuidado aos pacientes com câncer por meio do Plano de Expansão da Radioterapia. “Na primeira etapa, foram previstas 92 soluções de radioterapia – que compreendem além da obra, os aceleradores lineares – com um investimento de R$ 575 milhões”, disse o ministério. “A segunda etapa, prevista no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), conta com um investimento total de R$ 605 milhões, sendo R$ 205 milhões para conclusão de obras da primeira fase e R$ 400 milhões para a viabilização de 40 novas soluções de radioterapia.”

A pasta ressaltou ainda que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente tratamento integral aos pacientes com câncer (leia mais abaixo).

Como se prevenir

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil ressaltam que diferente, de outros tipos de câncer, o de pênis é um dos que mais podem ser prevenidos. Isso porque a doença tem relação direta com a pobreza e com a ausência de boas condições socioeconômicas. “Enquanto se trata de doença rara em países ricos e desenvolvidos, o câncer de pênis apresenta uma incidência (casos novos) alta em países pobres”, diz Abreu, do Inca.

No Brasil, estudos mostram que as regiões Norte e Nordeste, onde os índices de pobreza são mais altos, concentram a maior incidência da doença, enquanto o Sul, mais rico, tem índices quase semelhantes aos de países desenvolvidos, com poucos casos. “Infelizmente, o Brasil ainda é um país com uma enorme deficiência em educação de qualidade, e isso cria uma grande dificuldade de acesso à informação, incluindo os hábitos de higiene”, apontou Maurício Cordeiro, coordenador do Departamento de Uro-oncologia da SBU. “A higiene correta ajuda a evitar o câncer de pênis, e o diagnóstico precoce da doença, que é essencial para o tratamento sem a necessidade de procedimentos mais radicais, como a amputação”, completou. Como exemplo, Marcus Vinicius Baptista Queiroz, professor de Urologia na Universidade Federal do Pará (UFPA) cita uma pesquisa feita por quatro universidades e centros de pesquisa do Brasil, publicada em 2018.

O estudo apontou o Maranhão – Estado mais pobre do Brasil – como lugar que concentra a maior quantidade proporcional de tumores de pênis no mundo: cerca 6,1 casos a cada 100 mil habitantes. “Por isso a importância do homem ter acesso à orientação e à correção de fatores que podem levar a doença, como a fimose não tratada”, diz Queiroz. A fimose caracteriza-se pelo excesso de pele que recobre o pênis fazendo com que a cabeça, também conhecida como glande, não seja exposta.  É uma condição mais comum quando ainda se é bebê, mas pode se desenvolver também na fase adulta, provocada por um quadro de infecção ou traumatismo no local. Em regra, homens que possuem fimose apresentam maior dificuldade de realizar a higiene do pênis por conta do prepúcio – excesso de pele. Essa dificuldade de limpeza do pênis, visto que o órgão fica mais úmido e quente, favorece o surgimento de fungos que a longo prazo aumentam as chances de surgimento de câncer de pênis.

Sinais de atenção e tratamento

No Brasil, o câncer de pênis acomete principalmente, homens acima dos 50 anos. “Qualquer ferimento no pênis que não cicatriza precisa ser avaliado por profissional de saúde e, de preferência, urologista”, recomenda Diogo Abreu.

Entre os sinais de alerta, o médico do Inca cita:

  • Alterações na cor do pênis;
  • Espessamento da pele;
  • Nódulos ou úlceras que não cicatrizam;
  • Feridas com mau odor ou secreções.

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que algumas atitudes simples podem ajudar na prevenção da doença. A lavagem diária do pênis, com água e sabonete expondo a glande completamente, no caso de homens não circuncisados e, sempre, após o contato sexual ajudam a diminuir as chances de ter a doença, diz Abreu. “Além disso, é importante parar de fumar, utilizar sempre o preservativo em qualquer tipo de contato sexual para prevenir o HPV e as outras infecções sexualmente transmissíveis”, ressalta o médico.

Maurício Cordeiro, coordenador do Departamento de Uro-oncologia da SBU, também destaca a importância da vacinação contra o HPV (disponível no SUS para a população de 9 a 14 anos e imunossuprimidos até os 45 anos) como uma importante ferramenta de prevenção da doença. “Atualmente, temos dois tipos de vacinas contra o HPV: a quadrilavente (HPV4), que é a disponibilizada pelo SUS e que cobre a maior parte dos tipos oncogênicos, os que predispõem ao câncer, e a nonavalente (HPV9), que dá cobertura para mais subtipos, já disponível na rede privada”.

“Ambas são compostas por partículas do vírus preparadas pela técnica de DNA recombinante, que cria uma das proteínas que compõem o capsídeo do HPV. Essas partículas são capazes de induzir a formação de anticorpos neutralizantes em títulos altos, que são suficientes para proteger quem recebe a vacina”, explicou Cordeiro. Uma vez diagnosticado o câncer de pênis, o tratamento consiste na remoção da lesão ou a retirada total do órgão, assim como a remoção de gânglios (linfonodos) da pelve, virilha ou de dentro do abdômen, de acordo com o Ministério da Saúde.

Também podem ser recomendadas radioterapia e quimioterapia para reduzir o tumor ou em casos que não são considerados cirúrgicos. Quando diagnosticado em estágio inicial, o câncer de pênis tem alta taxa de cura, ressaltou a pasta.

“Em fases iniciais, conseguimos tratar com a remoção somente da pele, evitando uma retirada do pênis”, afirma Roni de Carvalho Fernandes, diretor da Escola Superior de Urologia. No entanto, segundo o Ministério da Saúde, mais da metade dos pacientes demora até um ano após as primeiras lesões para buscar ajuda médica, o que pode provocar complicações da doença, permitindo que ela se espalhe para outras partes do corpo.

As principais dúvidas sobre câncer de pênis

O câncer de pênis representa 2% de todos os tipos de câncer que atingem homens. A pedido da BBC News Brasil, a médica urologista e diretora de Comunicação da Sociedade Brasileira de Urologia, Karin Anzolch, esclareceu as principais dúvidas de homens em relação as formas de prevenção do câncer de pênis.

Quantas vezes lavar o pênis por dia e qual o jeito certo?

Depende um pouco do local, se é quente ou frio, úmido ou seco, da idade, do tipo de atividade física, se é alguém que sua muito ou urina muitas vezes, se tem prepúcio ou não, se usa roupas pouco ventiladas e até se já teve infecções locais no passado. Mas, geralmente, deve ser feita pelo menos uma vez ao dia uma lavagem completa com água e sabonete, puxando a pele do prepúcio para trás e removendo os resíduos de esmegma, que é uma secreção espessa e esbranquiçada produzida pelo pênis. A água não deve ser muito quente e devem-se evitar substâncias abrasivas e sabonetes contra germes. Prefira sempre os neutros, como glicerina. Além disso, os meninos devem ser ensinados desde cedo a fazer a limpeza forma correta para incorporar isso em seus hábitos.

Por que é importante deixar a área do pênis seca após o banho?

A umidade, associada ao calor do corpo ou do ambiente, aumenta a chance da proliferação de fungos e bactérias.

Após urinar, basta balançar o pênis?

Ao apenas sacudir ou espremer o pênis, gotas de urina acabam ficando, sobretudo nos homens que têm prepúcio, o que gera mau odor e aumenta o risco de contaminações, irritações e infecções. O ideal é, após urinar, lavar ou secar com papel higiênico.

Na hora do sexo, o que fazer em relação à limpeza do pênis?

Além de usar preservativo, é importante realizar uma higiene adequada, removendo as secreções e eventuais resíduos de produtos químicos.

Sangue na urina é um indicativo de câncer de pênis?

A menos que o tumor esteja avançado, já invadindo uretra ou aparelho urinário, não é sintoma comum. Mas isso sempre deve ser investigado, porque pode sinalizar outras doenças graves, como câncer de bexiga e rins.

O que mais pode causar câncer de pênis?

O câncer de pênis também está relacionado com o hábito do fumo, com a infecção pelo HIV e à presença de fimose, que dificulta a higiene e a remoção do esmegma, o que facilita a infecção por fungos e bactérias. Entretanto, uma das principais causas também é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV).

Dados do Cancer Research UK demonstram que cerca de 60% dos casos desse tipo de câncer estão relacionados à infecção por HPV.

 

*O nome do entrevistado foi alterado para proteger sua identidade.

Veja o artigo original no site abaixo:

https://www.bbc.com/portuguese/articles/c4n4z4vr7yxo

Pênis armados e as tropas de choque

Psicologia e Psicossomática

Por José Joacir dos Santos

Quando visitei os Estados Unidos pela primeira vez, no início dos anos 1990, fiquei impressionado com as lojas de filmes pornôs em quase todas as esquinas de New York e encarei isso como sendo uma evolução. Finalmente sexo era visto em vídeo, inclusive o sexo gay – os mais vendidos, até para héteros.  Os protagonistas dos filmes eram tratados como “atores” e a mídia daquele país levantava para cima o assunto porque rendia muito dinheiro. Mas este assunto ficava sempre no nível da “indústria” e de seus consumidores, nunca no nível de presidentes das repúblicas.

De março de 1983 a abril de 1984 o país viveu as Diretas-Já e desde então havia um certo clima de “evolução” e liberdade, especialmente no Planalto Central, pós-ditadura. Em Brasília, alguns cinemas exibiam filmes pornôs héteros, do filme “Garganta Profunda” em diante (os gays não eram exibidos, embora houvessem cenas em alguns dos filmes héteros). Mesmo para filmes sem conotação sexual, os cinemas eram cheios e seus banheiros movimentados livremente, especialmente os masculinos. Homens transando nos banheiros eram cenas comuns, até casados. Brasília tinha bons banheiros públicos. Policiais e soldados das três forças armadas também frequentavam para fazer sexo com homens.

Em 1983, o cantor Renato Russo, de Brasília, gravou a “Música urbana”, e nela se refere aos “pênis armados e as tropas de choque”, talvez uma alusão ao cenário da época em Brasília, entre ditadura e a dita dura. Naquela época, jovens se interessam em fazer sexo e no Parque da Cidade, tudo acontecia a qualquer hora. Logo no início dos anos 1990 as igrejas evangélicas, ressentidas, começaram a utilizar o dinheiro do dízimo para aumentar suas fortunas através da aquisição dos cinemas. Isso causou um desastre no comércio dos shoppings em Brasília porque sem os cinemas o povo deixou de visitar aqueles estabelecimentos, alguns deles ainda mal utilizados até os dias de hoje, como o Conic e o Rádio Center. Nos festivais de cinema da cidade era possível ver artistas famosos catando parceiros nos banheiros e no Parque da Cidade. Cinema e praça da alimentação são e sempre serão atrativos de público nos shoppings.

Com o fechamento dos cinemas e a transformação em igrejas evangélicas vazias, as locadoras de filmes tomaram conta das esquinas e a pirataria de filmes pornôs também, até que a internet foi ampliada e os filmes pornôs começaram a surgir em sites especializados, alguns deles gratuitos. Paralelamente, as leis brasileiras passaram a garantir o direito de minorias, inclusive homossexuais, e houve uma calmaria na população porque cada um passou a viver a própria vida no calor de suas casas, sem medo. Entre a população menos esclarecida, especialmente evangélicos sem formação, há a fantasia de que o mundo pornô pertence a gays – ledo engano! Travestis do país inteiro dizem que a maioria de seus clientes é constituída de homens casados e pais de filhos. Em 2018, o Estado do Rio de Janeiro elegeu para deputado um ator de filmes pornô, que foi agraciado com funções importantes no governo federal, embora esse governo, apoiado por evangélicos, tenha constantemente feito declarações contra as minorias gays do país.

Este artigo não pretende cobrir todos os aspectos sociais deste assunto, que são muitos. A ascensão das igrejas demonizadas, isto é, aquelas que utilizam o demônio para coagir as pessoas medrosas, infelizes, iletradas, com baixo padrão de educação, enrustidas, que inflamam o ódio contra gays e que pretendem ser as defensoras da nação brasileira (a versão mascarada da direita política), é visível em todas as cidades do país. Eles compram os imóveis, abrem uma vez ou outra, e só deus sabe o que acontece em seguida. Aparentemente as igrejas funcionam até que os frequentadores começam a brigar pelo dinheiro e imóveis. Separam-se e fundam novas igrejas. Os crimes contra gays aumentaram astronomicamente no país inteiro, especialmente nos estados onde a influência dos fundamentalistas cristãos é maior e aumenta a cada pronunciamento desastrado do presidente. Como diz o velho ditado, o inferno, se existe, está cheio de boas intenções.

Enquanto os partidos políticos de direita estão em plena ascensão, sexo volta às manchetes de jornais, da internet, da televisão, dos grandes jornais do mundo e, pasmem, mencionando o presidente do Brasil. Em 11/06/2019, o jornal Folha de S. Paulo traz uma matéria sobre o tamanho do pênis, cujo título é: “Por que homens se importam com tamanho do pênis e como isso pode afetá-los”. O artigo trata do assunto superficialmente, mas o que chama a atenção é que a inspiração pode ter sido as próprias manchetes daquele e de inúmeros outros jornais que noticiam, com certa frequência, declarações do presidente da República sobre sexo, tamanho do pênis etc. Sem medir as consequências, até piadas sexistas com japoneses o presidente da República já fez diante da imprensa.

Uma dessas declarações que não consegue sair das referências da internet é aquela onde “O presidente Jair Bolsonaro (PSL) faz piada com turista japonês ao passar pelo aeroporto de Manaus (AM) a caminho de Dallas (EUA) ” – jornal Folha de S. Paulo. Outra diz respeito a um vídeo pornô que teria sido postado na internet pelo presidente da República, assunto que não ficou bem esclarecido e não se sabe até hoje quem publicou tal vídeo. Meus amigos estrangeiros me perguntam constantemente e não sei como responder: por que o presidente de um país como o Brasil faz questão de fazer piadas sobre sexo e genitálias masculinas? A verdade é que o vídeo se tornou virótico nas redes sociais de vários países com o título de “Golden Shower (banho dourado) ”.

Embora a internet e a imprensa ocupem grandes espaços para postar artigos e comentários sobre teorias inconclusivas a respeito do tamanho, da grossura e de sua funcionalidade do membro masculino, as teorias do psicanalista Freud sobre a sexualidade como bússola emocional são bastante questionadas nos dias de hoje. A antiga frase parece não soar bem e agora ficou assim: Freud já não mais explica. O que os estudiosos da sexualidade humana afirmam, cada vez mais, é que quando o indivíduo se preocupa demasiadamente com a sexualidade ou com a anatomia das genitálias dos outros é como aquele ditado dos antigos índios: onde há fumaça há fogo. Por que um indivíduo (hétero ou gay), feliz consigo mesmo e com o tamanho de seu membro, se ocuparia tanto com a anatomia física do membro de outros homens?

O Brasil passou a ter uma mentalidade sexual e corpórea mais aviltada depois da ascensão da televisão e das telenovelas filmadas e produzidas por uma grande rede de televisão. O centro de difusão dessa cultura corporal é o Rio de Janeiro, que estende sua influência pelo país inteiro – a cultura do corpo e da eterna juventude. Piadas sexualistas, cheias de preconceitos sobre o tamanho e a grossura do pênis se tornaram correntes ao vento das ruas e de todos os ambientes. Elas são usadas até para agredir pessoas. Homens inseguros são os que mais utilizam o tamanho anatômico como arma e exibem esse falso orgulho em todas as partes. Casais se beijam profundamente nos aeroportos, nos shoppings e em toda parte como se fizessem sexo e necessitassem fazê-lo com audiência. Por traz dessas exibições gratuitas há sempre uma dose de machismo. Homens avantajados se exibem nos metrôs das grandes cidades e nas praias como símbolo de superioridade e poder. Até recentemente, homens, soldados e civis usaram estupro como arma em conflitos entre países do Leste Europeu – e isso foi documentado pela ONU.

Quando olhamos a história da humanidade encontramos em templos, palácios, cavernas, manuscritos e documentos os registros do culto ao pênis como símbolo da fertilidade e da abundância. Lavradores cultuavam (e ainda o fazem no Japão e nos países onde existe o hinduísmo) o símbolo fálico relacionando-o com a terra, a criação, a beleza da vida. Há, na literatura, incalculáveis registros do culto ao deus de membro longo e grosso chamado Priapus, venerado em igrejas até na Europa. O cristianismo é o principal acusado de ter demonizado o sexo, desde que Santo Agostinho defendeu sua tese homofóbica em um dos concílios da Igreja Católica, séculos atrás. Na verdade, a tese do santo não funcionou só contra gays, mas a mulher saiu do centro de importância, entronado pelo macho (e esse macho significa aquele que tem o membro longo e grosso. Nas piadas é muito comum a expressão “curto e grosso”, isto é, ofensivo, forte.

Sim, tamanho e grossura podem ter sua importância quando o assunto for funcionalidade, apesar do prazer sexual não estar relacionado com nada disso, mas, sim, com o afeto. Da mesma forma que qualquer maneira de amor vale a pena, o tamanho e a grossura ou a falta dessas duas referências pode não ser um diferencial para quem é feliz consigo mesmo. O afeto, o abraço, o amor, o carinho devem ser a busca bússola que norteia a felicidade humana, especialmente na privacidade de quatro paredes e não nos dedos apontados por pessoas desequilibradas. Tive clientes mulheres que se diziam violentadas por seus maridos avantajados. Cara ser humano tem uma estrutura anatômica com suas capacidades de acumulação de tamanhos e grossuras. Crianças e adolescentes são mortas com frequência ao serem violentadas e terem suas carnes rasgadas durante o estupro.

Em noticiário de televisão e jornais, recentemente um jogador brasileiro de futebol, famoso, apareceu nas manchetes sendo acusado de estuprar uma moça que foi ao seu encontro em Paris. Pelo que mostram as reportagens, a moça parece que permitiu até a metade e depois resolveu dizer que foi estupro. Logo nas primeiras reportagens ficou evidente que a relação foi anal, o que desbanca todas as crendices de igrejas, de pessoas da direita, de conservadores de plantão. O sexo anal é, largamente, o mais preferido entre homens, inclusive os mais jovens, em todo o mundo. Antigamente as mulheres não eram assediadas nesse sentido, mas esse tempo acabou faz muito tempo. Dessa forma, cai a máscara da sociedade sobre a condenação ao sexo entre homens porque não há diferença anatômica nessa região do corpo humano entre homens, mulheres, animais, peixes. No Nepal há uma grande população de cachorros abandonados nas ruas e entre eles é comum o sexo anal, como nas prisões, no ambiente onde a maioria é homem, nas guerras, nos quartéis, nas escolas, nos shoppings de todo o país.

Sim, a humanidade mudou. Aqueles que patrocinam a queda de braço, com base no Antigo Testamento, vão acabar nos consultórios psicoterapêuticos, se tiverem coragem para isso. Sexo continuará a ser uma das mais belas expressões da humanidade, mas a beleza do ato quem faz são os praticantes. E nisso não faz a diferença o objeto do desejo, faz? (*) José Joacir dos Santos é psicanalista, escritor e jornalista.

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